A
Matemática está nas coisas bonitas, a Matemática está em tudo! é assim que o
Matemático Valdivino Sousa expressa sua paixão pela ciência mãe de todas as ciências
chamada matemática. Valdivino Sousa é criador do método XYZ que facilita na
aprendizagem de equação e expressão algébrica, com o uso de objetos
ilustrativos. Semanalmente ele escreve para o jornal d dez e jornal folha
online e jornal da cidade, além de outros canais de mídias como o blog tudo é
matemática e valor x, seu site www.matmaticosousa.com.br
é super acessado por alunos e pessoas em buscam de novidades sobre Matemática.
Nessa mesma linha de pensamento que o Matemático e pesquisador francês Étienne Ghys,
se expressou na palestra sobre flocos de neve durante o Congresso
Internacional de Matemáticos no Rio de Janeiro.
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O matemático Étienne Ghys fala sobre flocos de neve durante sua palestra no Congresso Internacional de Matemáticos (Pablo Costa/ICM 2018/Divulgação) |
“Matemática é sobre coisas bonitas”, defende pesquisador francês
No Brasil para o Congresso Internacional dos Matemáticos, o premiado professor Étienne Ghys garante: nem tudo são fórmulas
Para o matemático francês Étienne
Ghys, de 63 anos, os cristais de gelo estão entre os objetos mais belos do
mundo. A figura de seis pontas, que parece tão regular em suas aparições em
desenhos animados e enfeites de Natal, está longe disso: nunca foram
encontrados dois cristais iguais na natureza. Foi sobre esta forma que mobiliza
sua curiosidade científica que Ghys falou em sua palestra no Congresso
Internacional de Matemáticos, no Rio de Janeiro, dia 30, quando foi aplaudido
por milhares de pares.
Nascido em Lille, no norte da França,
ele veio ao Brasil pela primeira vez em 1978, por meio de um acordo de
cooperação científica – uma alternativa na França ao serviço militar, ao qual é
“profundamente avesso”. Desde então, voltou ao país diversas vezes, para
trabalhar em projetos no Instituto de Matemática Pura e Aplicada, o Impa.
Diretor da École Normale Superieure, em Lyon, na França, Ghys é também vencedor
do prêmio de Disseminação do Conhecimento Matemático do Instituto Clay, nos
Estados Unidos, um reconhecimento por seus esforços para tornar a
matéria-terror dos estudantes em um assunto pop. “A matemática serve para
expressar coisas bonitas”, diz ele, que usa os números para falar de moda,
natureza e até bola de futebol. Da sala que atualmente ocupa no Impa, ele falou
a VEJA.
O que há de tão especial no Brasil que o
faz ir e vir? A
matemática francesa é muito rígida. Lembre-se que Descartes, o criador do
método científico, era francês. Nossa maneira de pensar sempre foi muito dura,
muito cheia de regras. Não sei se é porque este é o jeito tropical de fazer as
coisas, mas no Brasil eu descobri que dá para estudar matemática de uma maneira
mais amigável, com menos fórmulas, menos normas — especialmente na área em que
me especializei, os sistemas dinâmicos. O criador deste campo, Henri Poincaré,
era um homem fantástico. A ideia dele era justamente fazer uma matemática
qualitativa, com menos contas, só observando as figuras e os desenhos e pondo a
imaginação para funcionar. Sistemas dinâmicos formam uma área bastante
desenvolvida no Brasil. Encontrei no país, portanto, um cenário ideal para
pesquisar.
O seu trabalho tem aplicação prática? Eu sou fã do lado puro da matemática.
Não é que eu não goste de aplicações, mas você não faria a mesma pergunta a um
pintor, certo? Não perguntaria a ele para que serve a pintura. Para mim, a
matemática é muito parecida com arte moderna. Não é para todo mundo. Você precisa
mergulhar no processo intelectual do artista. Se você chegar a um museu de arte
moderna sem estudar, não vai entender nada. O mesmo acontece com a matemática.
Na minha lousa, por exemplo, há o desenho de uma curva descoberta por um físico
alemão chamada “quártica” de Klein, em tradução livre. Se você tiver uma
semana, eu posso explicar para você. Garanto que vai achar um objeto
lindíssimo!
Essa visão da matemática não se parece em
nada com a que se aprende na escola… Não é? Essa decoreba de fórmulas do Ensino Médio é uma
vergonha. Uma boa parte da matemática não depende disso. Inclusive porque as
contas complicadas não explicam tudo. Poincaré, por exemplo, entendeu que a
melhor maneira de estudar o movimento da lua e das estrelas é olhando. Imagine
se as aulas de matemática trouxessem curiosidades sobre os flocos de neve ou
bolas de futebol? Quase ninguém sabe que a Brazuca, a bola da Copa de 2014, é
um cubo.
Um cubo? Sim. Na primeira vez que vi a bola
pela televisão, disse a mesma coisa para a minha mulher, que achou que eu
estava louco (risos).
Explico: a superfície da Brazuca é feita de seis pedaços idênticos, extraídos
de uma superfície plana. Só que invés de serem quadrados, são curvas
complicadas – e muito bonitas – cujos vértices se conectam exatamente como em
um cubo. É a mesma estrutura.
Atualmente, a França é a campeã mundial
da matemática. Temos chance de roubar o título? Achei que você estivesse falando
sobre futebol (risos).
Brincadeiras à parte, talvez você deva me fazer essa pergunta daqui a uns 200
anos. A história matemática na França é muito mais antiga que no Brasil. Já na
época da Revolução Francesa, nosso pessoal entendeu muito bem que o país
precisava das ciências. O próprio Napoleão – de quem eu não sou muito fã – era
consciente da importância da matemática para a nação e criou instituições
científicas de peso, como a Escola Politécnica. A história de vocês começou nos
anos 1960. Ainda ontem!
E está indo bem? No que diz respeito à pesquisa,
muito. Pouquíssimos países fora da Europa e dos Estados Unidos tem o poder de
sediar um Congresso com o porte deste que está acontecendo. É um sinal claro de
que o Brasil está se destacando. Quando a matemática começou aqui, os
fundadores do Impa fizeram escolhas muito precisas: selecionaram uma área específica
do conhecimento e se tornaram os melhores do mundo. Foi extremamente
inteligente.
O que o transformou em um divulgador da
matemática?
Quando menino, eu era muito tranquilo e tímido. A matemática era minha maneira
de ficar quietinho no meu mundo. Pouco a pouco, descobri o prazer de dividir
conhecimento, de modo que, hoje, conversar sobre matemática com meus alunos é
minha maior realização. Esse negócio de falar da beleza da formas é bem
interessante. Acredita que chegamos a discutir de que cor imaginamos
determinadas figuras? A quártica de Klein, por exemplo, para mim, é azul.
Fonte: Veja
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